Primeiras palavras

Publicamos esse Blog para tratar de temas como Educação, Teologia e religião. Abordaremos o espaço da escola como possibilidade de gerar crítica frente a tudo que vivemos na sociedade presente.
Grande abraço.
Paz e bem.
Paulo Henrique

terça-feira, 26 de maio de 2009

A prática docente e a gestão do conhecimento

“Entendida a educação como apropriação da cultura humana produzida historicamente e a escola como instituição que provê a educação sistematizada, sobressai a importância das medidas visando à realização eficiente dos objetivos da instituição escolar (...). Tais objetivos têm a ver com a própria construção da humanidade do educando, na medida em que é pela educação que o ser humano atualiza-se enquanto sujeito histórico, em termos do saber produzido pelo homem em sua progressiva diferenciação do restante da natureza.” (PARO, 2004, pg. 07).

Sob o ponto de vista da gestão docente, será sempre necessário uma olhar mais apurado para ação do profissional de educação como mediador do processo de aprendizagem. Nesse contexto, o professor aparece como alguém que favorece todas as expressões do alunado, possibilitando enorme gama de caminhos à aprendizagem significativa.
No espaço de sala de aula, o docente deverá superar a idéia de que o conhecimento é algo pronto e disponível a um pequeno número de iluminados; ao contrário, à figura do professor recai a missão de garantir que haja troca de experiências e vivências e, por conseguinte, conhecimento adquirido nas relações cotidianas.
Se for verdade que a escola é a responsável pela sistematização do conhecimento, é bem verdade também que a escola não é – em hipótese alguma – a única detentora dos saberes. Tão pouco o professor é aquele que traz em si um conhecimento “supra sensível” provindo do etéreo.
Segundo Freire (1996), a educação bancária na qual o professor imprime seus iluminados saberes na “tábula rasa” da mente do aluno – sem luz (latim) – é algo que precisa ser banido de nossas salas de aula. Educar para a autonomia, para a crítica e para a liberdade é missão do educador competente e comprometido com a democracia da aprendizagem.
Em discurso no Fórum Mundial de Educação em São Paulo (2004), Frei Beto afirmou que a conhecimento é algo que provém da vida e que, portanto uma senhora analfabeta do Vale do Jequitinhonha terá muito a ensinar ao grande mestre erudito da mais renomada universidade do planeta.
Na atualidade muito tem se falado na gestão do conhecimento, empresas investem milhões na capacitação de seus profissionais para que os talentos sejam amplamente potencializados. O problema é que nem sempre os resultados são revertidos integralmente aos profissionais, mas na maioria das vezes ao capital.
Tal tendência (gestão do conhecimento) provém, em nosso entender, das teorias educacionais mais antigas, pois a crença de que as pessoas trazem em si um capital de informações, habilidades e competências único em cada indivíduo é rema na educação há muitos anos.
Dessa forma, parece-nos bastante tranqüilo afirmar que cabe ao professor fazer nascer o conhecimento significativo no espaço da sala de aula. É próprio da ação docente fomentar o gosto pela descoberta, pela pesquisa e pela exploração. O saber que se pretende estabelecer na escola é aquele que brota da dúvida, da necessidade de confirmação e de provas construídas de forma autônoma. Ensinar significativamente é condição indispensável para a aprendizagem significativa.
Fazer gestão do conhecimento é dar vazão a livre expressão do educando, permitir-se – sem culpa – errar e verificar com o “erro” que os caminhos podem ser múltiplos e igualmente verdadeiros. “Por traz das inteligências estão as pessoas”, afirmou Nilson José Machado – professor do Depto. Educação da USP – em 2006 no Encontro Nacional dos Diretores Maristas em Mendes/RJ.
Fica marcadamente claro que a ação docente vai na direção de tornar cada mais democrático o processo de ensino aprendizagem na sala de aula, pois é o espaço das pessoas com sua cultura, seu ethos, suas chaves de leitura do mundo e de sua história.
Na produção do conhecimento é central ao educador aliar-se ao educando numa jornada aos múltiplos caminhos do aprender. Uma escola aprendente e um docente igualmente aprendente, produzirão um educando que não ficará paralisado diante do novo, mas ao contrário, capaz de posicionar-se com a reverência e a curiosidade oportunas àquele que se constroe a partir da pesquisa e se beneficia da dúvida.
Na prática docente, cabe ao professor oportunizar ao educando espaço para a criatividade na resolução de situações problema, para a comunicação das possibilidades que vislumbra em torno de si, autonomia para tentar, sem a pretensão de acertar sempre e, acima de tudo, liberdade para sentir-se proprietário de um saber só seu.


Para aprofundar-se:

PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. Editora Ática, 3ªedição, São Paulo, 2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à pratica educativa. Editora Paz e terra, 28ª edição, Rio de Janeiro, 2003.

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